Grupo de estudos Jacques Lacan Seminário 17

O grupo de estudos visa apresentar as formas de laço social propostas pelo psicanalista Jacques Lacan no Seminário 17, O avesso da Psicanálise, a partir dos quatro discursos: do mestre, universitário, da histérica e do analista. Esse seminário inaugura um novo modo de compreensão do vínculo social e as estruturas clínicas, o que tem implicações clínicas.

Início: 24 de março de 2023
Encontros mensais
Sexta-feira: 17h30 às 19h
Encontros gravados para ver e rever quanto e quando quiser.

O Seminário 17, proferido entre 1969 e 1970, inicia a ruptura teórica da clínica de Jacques Lacan, estabelecendo ali as bases e a encaminhando para o seu segundo momento: A clínica do Real. Este seminário foi fortemente marcado pelos efeitos dos movimentos de Maio de 1968, (“o ano que nunca acabou”).

O movimento, como uma tomada das ruas pelos “baby boomers”, começa aos arredores de Paris, para depois finalmente ganhar o mundo. São jovens adultos insatisfeitos com a sensação de insegurança e instabilidade política que a Primeira-Guerra Mundial, Segunda-Guerra Mundial e a Guerra-Fria geraram e assim, problematizam as organizações democráticas vigentes no mundo, a defesa das liberdades individuais e coletivas, e sobretudo denunciam os abusos das guerras.

Se iniciando em 10 de maio de 1968, quando cerca de 20 mil estudantes saem das universidades levando as discussões para a cena pública, os jovens se  dirigiram a região central de Paris, onde montam barricadas com carros, carteiras e móveis. 

Barricada que podia ser entendida como uma representação da separação de gerações, de suas concepções morais, costumes conservadores e liberais. Nesse dia as movimentações de ruas começam. Sustentadas por toda uma juventude insatisfeita com uma sociedade que foi incapaz de atender seus anseios por prosperidade, justiça e liberdade.

É neste momento que Lacan se dá conta então de que os laços sociais, os modos de subjetivação, as vias pelas quais o sujeito se engata no social já se encontram em um novo período. São novos sintomas, que dizem sobre outros tempos e organizações na polis e introduz assim, o conceito dos discursos enquanto formas de realizar laço com o “mundo”, evidenciando o discurso de mestre, universitário, histérica e analista.

Discursos esses, que sendo fortemente influenciado pelo conceito do objeto a, o objeto mais de gozar, se estruturam e se diferenciam a partir das posições que cada sujeito coloca “a verdade”, “a produção”, “o agente” e “o outro”.

Esse seminário resgata a teoria Hegeliana e se propõe a realizar um retorno a questão de “senhor e escravo”. Abordando o tema a partir dos discursos, e colocando em questão “quem sabe fazer? E quem sabe um saber sobre o que é feito?”

Sobre essa dialética de senhor e escarvo Lacan coloca em destaque que todos os sujeitos têm essa divisão entre o que seria a posição do mestre e escravo. Um conflito de ordem “interna” que se reflete no “externo”.

Para tanto a segunda clínica é estruturada para além do complexo de Édipo, mas o que isso quer dizer?

O autor percebe que o mundo está em um processo de reorganização dos laços sociais. O mundo está passando de uma organização vertical, onde existe uma pai orientação, para um arranjo muito mais horizontal, pelo qual é possível ter acesso a uma série de outros saídas, formulações e sintomas.

É desse declínio da função paterna, desse mundo que se organiza agora de modo muito mais horizontal, que o sujeito moderno se inscreve. Nesse sentido, o que entra em questão é o imperativo do gozo. Uma sociedade que busca a satisfação, que busca o gozo a qualquer custo.

A segunda clínica de Lacan é assim o momento dos nós borromeanos, de poder pensar o sujeito a partir do Real, simbólico e imaginário. De responsabilizá-lo sobre suas ações e sua circulação no mundo. O que muito se diferencia de uma primeira clínica, que tentava traçar outra relação do sujeito com seu desejo.

“Ali é que se edifica tudo o que concerne à verdade. Que haja amorà fraqueza, está aí sem dúvida a essência do amor. Como já disse, o amoré dar o que não se tem, ou seja, aquilo que poderia reparar essa fraqueza original.”

About Instructor

Lisiane

Psicanalista, Pós doutoranda Université Paris 8, doutora e Educação pela USP, docente no curso de Pos graduação em Psicologia Clínica-FMU, docente na graduação de psicologia da Faculdade Santa Marcelina. formação em psicanálise que passa pela APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre), pelo Centre Medical Marmottan (Paris/França), centro de referência em tratamento das toxicomanias fundado por Claude Olievenstein. Participou dos cursos e das discussões do grupo de transmissão e pesquisa em psicanálise do Instituto da Psicanálise Lacaniana (IPLA).

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